– Nos últimos tempos o tema da segurança na Internet desperta enorme interesse. O escândalo em torno do programa americano de espionagem abalou a confiança dos usuários nas redes sociais e ao mesmo tempo também na IT-tecnologia.

– Segundo soubemos, a Agência de Segurança Nacional (NSA) dos EUA arrombou o programa de codificação da informação, o que lhes permitiu ver e analisar todas as comunicações. A NSA outrora afirmou aos americanos que estes não eram vigiados por ela. Naturalmente que não foi mais fácil para os russos, alemães, gregos, hindus ou paquistaneses, pois isto significou que a NSA espionava todos os demais. Mas, agora, verificou-se que é muito pior. A NSA examinou todos os dados transmitidos por grandes operadoras, não menosprezando as bases do Google e Facebook. Até agora não está claro que envergadura tinha esse programa. Até mesmo as revelações de Edward Snowden, que agora se esconde na Rússia, não estão em condições de lançar luz sobre o quanto a NSA retirou das bases de dados dessas companhias, pois elas não foram informadas. Mas sem isto a situação parece bastante delicada, pois acontece que o governo dos EUA encarava o espaço informativo mundial como sua própria “área de caça”.

O que fazer, perguntam vocês? Felizmente para os usuários e infelizmente para o governo, agora surgiram métodos de proteção absoluta das comunicações. Um desses métodos chama-se “criptografia quântica”. Ela é baseada nos princípios da mecânica quântica. É impossível arrombar tal programa sem um computador quântico. Mas ele ainda não foi inventado. Cifrar dados com a ajuda de tecnologias quânticas simples já é possível, o que não pode deixar de alegrar usuários comuns. Por outro lado essa prática assusta as autoridades, pois semelhantes programas podem ser acessíveis aos terroristas.

– Sua revista classificou a tecnologia da impressão 3D como uma das dez realizações revolucionárias neste campo. Às vezes “imprimem” nas impressoras 3D armas de fogo. O que acha disto?

– A ciência por si só não é a medida do bem. Os conhecimentos não podem ter um lado escuro, porque a técnica é neutra em essência. Ela pode ser usada tanto para o bem, quanto para o mal, dependendo de nossos objetivos. A energia nuclear, por exemplo, é ecologicamente limpa e com ela pode-se abastecer o mundo inteiro. E pode-se fazer a bomba nuclear e destruir tudo. Por isso, independentemente de usarmos a tecnologia para o bem ou não, devemos sempre lembrar o outro lado da questão, todos devem juntos combinar como a utilizar. E o melhor é entrar em acordo por meio da mídia, por exemplo, da Voz da Rússia ou de MIT Technology Review, ou em conferências semelhantes ao fórum Inovações Descobertas. O ideal é, depois de todos estes debates, criar todos juntos leis e prescrições.

Assim é com a impressão 3D. Ela pode ser usada para a produção rápida de protótipos, que possibilitem às companhias testar os preços da produção e no futuro poder-se-á criar mercadorias muito complexas, a produção das quais exigiria muitos recursos. Ao mesmo tempo, como observou, pode-se imprimir armas. Então será impossível acompanhá-la. Estou certo de que os criminosos não deixarão de aproveitar. Mas em geral quero dizer que esta é uma história comum. O principal é debater tudo abertamente, atrair a imprensa e tomar as medidas necessárias. E não esquecer das leis correspondentes.

– Concorda com a afirmação de que as novas tecnologias são sempre um novo desafio?

– As novas tecnologias são novo desafio e novas possibilidades. Com a sua ajuda novas alturas tornam-se acessíveis à humanidade. Ao mesmo tempo, as novas possibilidades sempre são potencialmente perigosas. Em nossa revista costumamos dizer que “não há revolução sem derrotados”. Em qualquer revolução alguém perde. A revolução pode causar grande dano. Na minha opinião uma das tarefas do governo é conciliar as pessoas com as mudanças, adotar tudo o que de bom elas trazem consigo e suavizar o golpe do mau. E pode suavizar este golpe a nova geração, que ajudará as pessoas mais velhas, aquelas que, por qualquer motivo, não é mais capaz de inventar nada de novo, a acostumar-se e encontrar seu lugar. O Estado deve ainda regular o modo como são usadas as novas tecnologias. Os desafios são sempre um bem, porque dão novas possibilidades. Mas eles têm também o “lado escuro”, sobre o qual pode-se lançar luz, regulando o uso dessas tecnologias, por exemplo, em encontros semelhantes ao fórum Inovações Descobertas, que para isto foi criado.