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sábado, 26 de maio de 2012

E se estivessemos dentro de um buraco negro de outro universo?

Demonstração física põe em causa Big Bang

2010-04-12
Por Bárbara Gouveia
Será possível o nosso universo estar dentro de um buraco negro que se encontra dentro de outro universo muito maior? Alguns, como o físico teórico Nikodem Poplawski, da Universidade do Indiana, acreditam que sim.

A notícia, a ser publicada hoje na Physics Letters B, demonstra que todos os buracos negros podem ter buracos de verme no seu interior, dentro do qual podem existir outros universos. Este trabalho pode explicar a origem da inflação cósmica e ser uma alternativa à teoria do Big Bang.

Poplawski utilizou um modelo matemático euclidiano para demonstrar que todos os buracos negros podem ter buracos de verme dentro destes com universos completos que foram criados ao mesmo tempo que o buraco negro original.

O físico da Universidade do Indiana afirma que um buraco branco está ligado a um negro através do que os cientistas chamam ponte de Einstein-Rosen ou wormhole, buraco de verme ou buraco minhoca em português, e é, pelo menos hipoteticamente, a inversão temporal de um buraco negro. Pois se o buraco negro é conhecido por sugar matéria, o branco por sua vez cria e expele matéria.


Pedro Viana, investigador do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto explicita que“matematicamente os buracos negros são uma singularidade”, ou seja, segundo a Teoria da Relatividade de Einstein, “no interior dos buracos negros a densidade da matéria assume um valor infinito”.



Na demonstração matemática da sua teoria, Poplawski utiliza um sistema de coordenadas euclidiano, conhecido como coordenadas isotrópicas, para descrever o campo gravitacional do buraco negro e modelar o movimento geodésico radial de uma partícula massiva que se encontra no seu interior.



Ao analisar o movimento radial desta partícula, a fronteira que separa o buraco negro do restante universo − em dois tipos de buracos negros (o Schwarzschild e o Einstein-Rosen), o físico da Universidade do Indiana descobriu que os observadores externos apenas podem ver o buraco negro enquanto o hipotético universo no seu interior não se pode observar, a menos que o observador se encontre também dentro do buraco.



Se esta teoria estiver certa, será muito difícil demonstrar que realmente há algo dentro de um buraco negro em particular.



A relatividade de Einstein



Poplawski desenvolveu a sua teoria, aproveitando os avanços realizados pelos físicos que o antecederam. A Teoria da Relatividade de Einstein afirma que um buraco negro pode formar-se a partir do colapso gravitacional da matéria que atravessa um horizonte de eventos no futuro, e é possível também inverter o processo.



“Tal situação poderia descrever a explosão de um buraco branco: matéria a surgir de um horizonte de eventos do passado, algo muito semelhante a um universo em expansão”, explica o físico norte-americano.



Segundo Pedro Viana, esta teoria “apresenta um novo olhar que parece ter ultrapassado a abordagem original de propostas que já existiam”.



O tempo no espaço



O cosmólogo português garante que “já no passado houve quem sugeria duas possibilidades acerca dos buracos negros: Uma é que estes representavam uma ligação, um túnel, a dois locais ou tempos no nosso universo. A outra possibilidade explica que ao se formar um buraco negro, forma-se um buraco de verme e consequentemente outro universo paralelo ao nosso”.



O trabalho de Poplawski sugere que todos os buracos negros podem ser buracos de verme, cada um deles com um universo no seu interior.



Pedro Viana adverte que “temos evidências, indirectas, da existência de buracos negros contudo não há provas, nem observações de nada do que seria esperado de um buraco branco”.



Segundo a teoria de Poplawski, que naturalmente põe em causa o Big Bang, “o nosso universo poderia ter-se formado dentro de um buraco negro que existe noutro universo”.

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