Dona Divina

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Um desenho para o mundo novo.

domingo, 24 de novembro de 2013

Hundertwasser – médico da arquitetura

 
Hundertwasser um expressionista alternativo para a arquitetura do século XX.

Nascido em 1928, em Viena, na Áustria, registrado com o nome de Friedrich Stowasser, mudou seu nome para Hundertwasser “cem águas” para deixar claro sua preocupação com as questões ambientais. Começou sua carreira no pós-guerra, em 1949, quando desembarcou em Paris com o desejo de tornar-se um artista, tendo feito sua primeira exposição em 1954. Desde então, já expressava seu ódio pela linha reta, a qual chamava de “ateia e imoral”, fruto do racionalismo que prima pela estrutura e pela função, e procurava a espiral como forma ideal e natural.
Preocupado com as questões ambientais, onde na sua visão, não se limitava somente às questões naturais, mas também sociais. Desenvolveu a teoria das três peles do homem, as quais seriam a sua epiderme, as suas vestes e a sua casa. Através de seus manifestos, e de seu próprio exemplo de conduta pessoal, ele procurava demonstrar os caminhos para se buscar uma harmonia entre estas três peles, maltratadas, segundo ele, pela sociedade automatista que queria transformar a todos em homens-tipo.
Em 1958 editou mais um de suas teorias o “Manifesto do bolor contra o racionalismo na arquitetura” , onde passou a se intitular o “médico da arquitetura”. Este manifesto se propôs a estabelecer uma cura para a terceira pele do homem, sua casa, através da aplicação da teoria do trans-automatismo na habitação, afirmando a liberdade que todos teriam de autoconstruir, fundindo, assim, as figuras do arquiteto, do pedreiro e do morador.
O conceito de bolor apresentado neste manifesto representava o poder criador da natureza, que em uma proliferação lenta, espiral e irreversível, vai tomando conta de tudo, quebrando e corroendo com a rigidez da linha reta, afirma o “médico da arquitetura”.
Um exemplo deste “bolor” é a Hundertwasser Haus: a utopia vienense.
Edifício de habitação social, solicitado pelo prefeito de Viena ao artista para projetar em um terreno de esquina, e depois de três anos o projeto começou a ser desenvolvido, devido a impedimentos na administração municipal. Somente em 1982, em parceria com  o arquiteto Peter Pelika, indicado pelo prefeito, foi quando o projeto ficou pronto e em 1985 a obra ficou pronta.
O edifício foi todo construído em alvenaria portante, com exceção do subsolo e das partes do térreo – onde há pilotis – e dos entrepisos, que são em concreto armado.  A escolha deste sistema estrutural visava justamente a fugir da malha geométrica, que leva à racionalização e aos ângulos retos que tanto ele queria evitar. Visto a grande diversidade de acabamentos, e a sua colocação irregular, a concepção geral da obra teve de fugir dos padrões normalmente adotados.
Os 52 apartamentos possuem formas, cores e texturas diversas, bem como suas aberturas, sendo todas elas tratadas de maneira distinta. Desta forma, se expressa o “direito de janela”, ou seja, a necessária diferenciação que deveria haver entre as distintas pessoas que habitariam o edifício, pois, para ele, esta não diferenciação, que caracteriza o homem-tipo moderno, era a causa de todo o isolamento e solidão do mundo atual.
 

A incorporação de elementos naturais ao edifício também constitui uma das marcas do projeto. As “árvores locatárias”, que pagam seu aluguel em forma de oxigênio, também defendidas em seus manifestos, estão presentes na Hundertwasser Haus, assentadas em latões de terra colocados em sacadas e janelas. O terraço escalonado, formado a partir da distribuição irregular dos apartamentos, possui cobertura vegetal como forma de retornar ao meio ambiente a área ocupada pela construção. O objetivo das árvores era de aproximar os moradores do mundo natural, apesar de não possuírem a finalidade de filtrarem a água, nem de receberem o húmus, como havia proposto o artista em seu esquema de edifício sustentável.
 

Outras teorias de Hundertwasser

- Manifesto los Von Loos (longe de loos) – Onde ataca a arquitetura sem ornamento.
- Manifesto O teu direito de janela o teu dever de árvore – reflete sobre o dever das árvores – “As árvores locatárias” que devem filtrar a água da chuva nos terraços e torna-la potável.
- Manifesto da Santa-Merda – Defende o ciclo da renovação onde a merda torna-se adubo a terra que está a árvore no telhado (segundo ele o ciclo passa não ter fim e não há mais desperdícios).
- Discurso sobre cor – A pintura das casas deve usar somente tons naturais para assemelhar-se a natureza.
Outras Obras:
Fonte: http://qicstudiografico.blogspot.com.br
http://www.hundertwasser.at/

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